A pirataria, além de prejudicar os fabricantes, também pode prejudicar nossa capacidade de aproveitar os games. Como os piratas são muito mais baratos em comparação aos originais, muita gente concentra sua energia em acumular dezenas de títulos, ao invés de jogá-los. Funciona assim: o jogador compra 4 games por semana, que deixa de lado em pouco tempo. E na semana seguinte, antes que tenha tempo para jogar tudo, já tem uma nova remessa de 4 jogos esperando por ele. É um ciclo vicioso.
“Sofro muito preconceito por jogar apenas originais”, desabafa o jogador Daniel Oliveira, “ao invés de jogar dinheiro fora comprando 10 ou 15 jogos piratas, prefiro um único título. Assim, tenho tempo para chegar no final, explorar os segredos do jogo.”
Ao invés de obter satisfação com o jogo, os gamers que consomem compulsivamente piratas se satisfazem contando vantagem para seus amigos. “Tem gente que fala que já jogou 80 games, que já viu esse ou aquele jogo. Isso não tem nada a ver”, diz Oliveira.
Na verdade, esses jogadores se privam do prazer de jogar. O maior mal desse comportamento é a ansiedade constante pela novidade.
“De que adianta empilhar um monte de jogos na estante quando se joga apenas 2 ou 3 jogos? Conheço muita gente que só joga Winning Eleven (jogo de futebol para PS2), nem dá atenção para o que compra. Custava comprar o jogo original?” questiona Marcos Khalil.
Muitas vezes, essa conduta está ligada diretamente à faixa etária dos jogadores. Quanto mais velho, menos o gamer se sente compelido a consumir pirataria.
Na ponta do lápis, realmente não vale a pena. Um console destravado tem seu funcionamento alterado. Seu leitor ótico funciona mais do que o previsto e em poucos meses queima. Os chips de destravamento, quando mal programados, causam alterações de voltagem no aparelho, o que acaba causando outros defeitos, como a queima das entradas dos controles.
E a instalação desses chips não é nada fácil. Além de mexer diretamente na placa-mãe, o técnico precisa ter experiência em solda, pois são vários pontos espalhados no aparelho.
E, por mais que os defensores dos piratas digam o contrário, é inegável que a durabilidade do console é prejudicada. É raro ver consoles destravados com mais de 3 anos de vida. O aparelho destravado custa em média 25% menos que o aparelho comprado legalmente, mas dura em média 50% menos que o original.