Um ménage à trois no elevador ou uma noite de sexo na praia são opções reais nas comunidades virtuais dos jogos eróticos, um mercado em expansão, mas criticado por educadores, médicos e legisladores. Ainda neste ano, uma nova geração de games para adultos será lançada no mercado. A principal inovação é a possibilidade de várias pessoas participarem.
Entre eles estão "Naughty America: The Game" (algo como "América Maliciosa: O Jogo") e "Red Light Center" ("Centro da Luz Vermelha"), cujo conteúdo e distribuição foram analisados na agenda da 1ª Conferência sobre Sexo em Games, realizada no mês passado em San Francisco (Califórnia).
"O mercado dos games para adultos está decolando como um foguete", disse Brenda Brathwaite, presidente da conferência e líder da Associação Internacional de Programadores de Jogos de Conteúdo Sexual. Só no blog da associação estão arquivados cerca de 300 jogos que exploram direta ou indiretamente o sexo, de sua forma mais atenuada e romântica até a mais crua e explícita.
Em "Naughty America: The Game", os jogadores escolhem seus personagens e "podem fazer sexo com outros em várias posições e em inúmeros locais 'quentes'", segundo comunicado distribuído à imprensa. "Sexo em grupo, sexo em público, orgias... você escolhe", acrescentam os criadores do que eles mesmos definem como "a evolução dos relacionamentos amorosos virtuais".
A inovação neste jogo é que os participantes podem conhecer os internautas reais por meio de um fórum de discussão, lendo os perfis de todos os jogadores conectados ou usando uma webcam.
"Uma vez que você encontra esse alguém especial, faz uma reunião para tomar um café, ou visita o Clube do Voyeur para dar uma olhada preliminar no lado selvagem dessa pessoa", dizem os criadores.
Também está previsto para este ano o lançamento de "Red Light Center", um jogo que acontece em um distrito em que realidade e fantasia se confundem.
Revolução
Essa nova linha de games eróticos segue os populares "Grand Theft Auto", "The Sims", "Playboy: The Mansion" e "Virtually Jenna", este último protagonizado pela famosa estrela pornô Jenna Jameson. Porém, tanto este último como "Playboy: The Mansion" só permitem um jogador por vez e não estão disponíveis para jogar em rede.
Para os analistas, a revolução será liderada pelos jogos nos quais várias pessoas podem interagir, um fenômeno que, segundo Brathwaite, cresce na medida em que uma maior aceitação dos relacionamentos pela internet abre caminho para o sexo virtual.
Os avanços tecnológicos no desenho dos jogos --que faz os ambientes e personagens parecerem cada vez mais realistas e interagirem com maior facilidade-- também está ajudando a acabar com o tabu de "fazer sexo com um desenho animado".
Os programadores dos jogos, porém, enfrentam grandes desafios de distribuição comercial, assim como a crítica e a rejeição de pais de crianças e adolescentes, membros do Congresso, médicos e psicólogos.
Ian Kerner, autor do livro "Fala Sério! Você Também Não Está a Fim Dele", diz que a cultura contemporânea faz com que o ser humano tenha medo de ficar sozinho --por isso, diz Kerner, buscamos companhia na tecnologia. O risco, contudo, é que a pessoa pode se perder nesse mundo virtual, segundo o autor.
No entanto, para outros especialistas o "sexo participativo" dos games é um passo natural, já que tudo o que fazemos diariamente conta com alguma porção de tecnologia.
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