Em Meus Problemas com as Mulheres (Conrad Editora), Robert Crumb expõe alguns dos traços mais controversos de sua personalidade e de sua obra: a tumultuada mistura de devoção e desprezo pela figura feminina, a famosa fixação por mulheres de um determinado tipo físico, os fetichesbizarros e, acima de tudo, a coragem de transformar tudo isso em arte sem se deixar levar por nenhum tipo de autocensura ou autoindulgência.
Tímido, obsessivo, egocêntrico, inseguro, atormentado por um complexo de culpa tipicamente católico. Robert Crumb tinha tudo para ser um grande fracasso com as mulheres. E foi, pelo menos até 1968, quando, inspirado pelo LSD, se tornou uma espécie de herói da contracultura ao lançar sua revista de quadrinhos underground, a Zap Comix.
De uma hora para outra, ele se viu no centro das atenções das jovens hippies de San Francisco em plena era da liberação sexual. A partir daí, toda a hostilidade e as fantasias reprimidas a duras penas durante os primeiros anos de vida puderam se materializar em práticas sexuais nada convencionais e histórias em quadrinhos de uma franqueza arrebatadora.
Conrad