Análise deste jogo de destruição em massa Felipe Menezes 2007-04-20
God of War é a investida da Sony no gênero de ação na linha Devil May Cry e Ninja Gaiden. Só que, diferente da maioria, sua proposta vai além do simples apertar de botões e traz uma aventura com bons enigmas, história e um clima cinemático como nenhum outro.
Sede de vingança
God of War é baseado na mitologia grega e conta a história de Kratos, um soldado espartano que recebe a missão de impedir que o renegado Ares, o deus da guerra, destrua Atenas. A única maneira deste mero mortal ter uma chance contra Ares é recuperando a caixa de Pandora, um artefato de poderes temidos pelos próprios deuses, que se encontra em um templo recheado de maldições, inimigos e armadilhas, e de onde nenhum humano jamais voltou com vida. Acontece que Kratos não é um ser comum. Ele foi abençoado pelos poderes dos deuses do Olimpo e sua vontade de acabar com Ares vai além de sua missão -- envolve uma dívida pessoal e a busca desesperada por vingança.
Para embarcar em sua perigosa missão, Kratos recebe duas espadas de fogo encantadas chamadas de Swords of Chaos, que, por serem acopladas aos seus braços por duas correntes, funcionam como se fossem chicotes. As espadas são extremamente bacanas visualmente e seu swing, aliado às diversas coreografias do herói, já cria um show de movimentos e luzes. Com o evoluir da jogatina, vamos recebendo mais ¿bênçãos¿ dos deuses, e Kratos vai se tornando uma verdadeira máquina de combate: Zeus nos dá o poder de arremessar trovões, Poseidon nos empresta uma magia aquática, Hades nos presenteia com as sombras do submundo e Artemis cede a sua espada, que tem um poder de destruição maior que as espadas do Caos, mas menor alcance.
Melhorias para as magias e novos movimentos com as espadas podem ser comprados à medida que vamos coletando as almas vermelhas, que saem dos inimigos mortos e de dentro de baús no estilo ¿Onimusha¿. Para isso, basta acessar o menu com o botão start e escolher em que poder gastaremos nossas almas.
Mais que um simples jogo de ação
Apesar de ser uma ação no estilo Devil May Cry, na qual vários inimigos se aglomeram na tela ao mesmo tempo e que temos que auferir centenas de golpes e combos mirabolantes para matá-los, God of War possui um ótimo balanceamento de alguns elementos que raramente aparecem com destaque em jogos do gênero: os enigmas, muito bem bolados; e a história, repleta de curiosidades.
No seu início, GoW dá aquela impressão de que é mais um jogo no qual devemos fechar os olhos e massacrar os botões do controle. Para a maioria dos inimigos o ¿apertar aleatório de botões¿ é sim muito comum, mas outros exigem que elaboremos um pouco mais nossos golpes, ou então estaremos muito expostos ao contra-ataque. Sendo assim, precisamos também dominar o botão de defesa e escolher certo o tipo de investida que faremos em certos monstros, o que dá uma boa variada na jogabilidade.
Outro elemento que ajuda muito a diversificar os combates é o sistema de golpes especiais fatais, que aparece até nos chefes de fase. Depois de darmos vários ataques certeiros, uma opção de botão (geralmente é a ¿bola¿) aparece momentaneamente sobre a cabeça do inimigo. Apertando o botão a tempo, dá-se início a uma espécie de mini-game, no qual devemos apertar os outros botões que nos são solicitados na hora certa. Se fizermos tudo como foi pedido, somos capazes de matar os inimigos de uma vez ou de pelo menos tirar-lhes bastante energia, simplificando um processo que levaria muito tempo usando golpes comuns.
Os chefes aparecem em baixa quantidade no jogo, mas são sempre grandes, assustadores e com estilos bem diferenciados. Os confrontos são longos e trabalhosos, pois o jogador precisa decorar seus movimentos, desviar de seus ataques e escolher o melhor momento para golpear. Em alguns, o jogador deverá saber utilizar certos objetos dos cenários no momento certo, quando o chefe estiver vulnerável, para terem alguma vantagem.
O lado aventura de God of War também é muito bom, com uma dosagem interessante de exploração, saltos entre plataformas e solução de enigmas. Cada hora temos que fazer uma coisa diferente para evoluirmos nos mapas, como pegar chaves, puxar alavancas, destruir portas, descobrir caminhos secretos, utilizar objetos ou até inimigos como contra-peso para abrir passagens, escalar montanhas, mergulhar em rios subterrâneos, empurrar blocos de concreto, posicionar estátuas, desviar de armadilhas, testar a habilidade saltando de corda em corda ou exercitar a paciência se equilibrando em cima de vigas.
Kratos, o anti-herói
A ambientação de God of War também é um quesito que merece aplausos. Os combates são sempre recheados de muito sangue e golpes violentos e, numa atitude rara para um videogame, 90% das mulheres do jogo aparecem com as tetas de fora! Os inimigos são variações bem grotescas das criaturas que já conhecemos da mitologia grega e Kratos é o estereótipo perfeito de um ¿badass¿ greco-americano: Forte, de voz grossa, careca, com cicatriz na cara, e que luta pelo lado do bem, mas não faz gentilezas ou favores. Inclusive, tem momentos que ele assassina friamente outros seres humanos para poder evoluir em sua missão.
A história é explanada por meio de filmes em computação gráfica muito bons e que se mesclam bem com as seqüências em tempo real para dar um ar bastante cinemático ao jogo. Aliás, o visual geral é de extrema competência, com bons toques artísticos.
O sistema gráfico de GoW - que parece ser uma derivação daquele que equipa as séries Ratchet & Clank e Jak - é capaz de reproduzir cenários muito bonitos e grandiosos, dos melhores que o Playstation 2 já viu. E tudo ainda pode rodar em widescreen e varredura progressiva para os afortunados usuários de HDTV. Só uma ressalva merece ser feita: o visual é, como em todos os jogos de mascote da SCEA, um bocado destexturizado, parecendo um intermediário entre cel-shaded e algo mais realista. Mas nada que comprometa o resultado que, no geral, é épico e magnífico como todo o resto de GoW.
O Veredicto: Puzzles, gráficos fenomenais, chefes gigantes, jogabilidade bem variada, muito sangue e até seios a mostra são alguns dos ingredientes que elevam God of War ao rol dos mais divinos jogos do Playstation 2. Goste ou não de ação, você deve experimentá-lo.