Faça mangás, não guerra. Foi essa a mensagem transmitida na segunda-feira, quando o ministro das Relações Exteriores do Japão distribuiu prêmios no primeiro concurso internacional promovido no país para artistas estrangeiros que ajudaram a difundir no exterior o gênero dos quadrinhos japoneses, os mangás.
O ministro Taro Aso, que é fã inveterado dos mangás, entregou o troféu do prêmio principal a Lee Chi Ching, de Hong Kong. "Espero que, através das obras dos vencedores de hoje, o mangá sirva de ponte para o mundo", disse Aso na cerimônia, realizada numa residência para convidados de Estado, local normalmente reservado para encontros diplomáticos de alto nível.
Lee, um artista veterano, foi reconhecido por seu trabalho "Sun Zi`s Tactic", uma história ambientada no final da Dinastia Oriental de Zhou e traduzida para muitas línguas, entre elas o japonês.
Indagado sobre o que pensa da idéia de Aso de que o mangá e os desenhos animados japoneses podem ser o caminho para o coração asiático, Lee respondeu, falando com a ajuda de intérprete: "Pessoas que gostam das mesmas coisas nunca entrarão em guerra."
As relações do Japão com outros países asiáticos, incluindo a China e a Coréia do Sul, são dificultadas há anos por disputas decorrentes do passado amargo de guerras.
Lee disse que o trabalho que lhe valeu o prêmio procurou transmitir a mensagem de que os países nunca devem partir para a guerra.
Saudado como "Prêmio Nobel" para quadrinhistas estrangeiros, o prêmio é criação de Taro Aso.
Lee e três outros artistas de Hong Kong, Malásia e Austrália foram premiados com uma visita de dez dias ao Japão e a oportunidade de reunir-se com artistas e editores japoneses.
Os vencedores foram escolhidos entre 146 candidatos por um comitê formado por artistas renomados de mangá e ex-editores.
Lee, que começou a ler quadrinhos aos 10 anos de idade, disse que há anos se inspira nos mangás japoneses.
Chisa Fujioka