O movimento Black lives matter está completando dois anos de existência, mas há outro movimento muito mais residual, que ainda está presente na lembrança do povo afro-americano que são os Black Panthers. Lutaram por direitos civis, contra o racismo e a discriminação que eram reais nos USA antes da guerra do Vietnã, e que foram ao poucos sendo sobrepujados pela massa da população afroamericana nos anos 70 e 80.
É difícil dizer sobre racismo, preconceito e exclusão social na imprensa, pois era uma cultura emergente que explodia com a inserção social da população negra no mercado de trabalho e tendo acesso aos bens de consumo, pois os meios de comunicação na gostam de tocar em feridas, pois podem perder seus anunciantes.
Então é um assunto que não era muito recorrente na imprensa e muito menos nos cinemas, que precisavam de estrelas para brilhar e trazer enormes contingentes de expectadores para as salas de projeção, os famosos blockbusters.
No caso dos Panteras Negras, seria difícil pensar 50 anos depois que um filme sobre eles seria colocado nos cinemas, de forma acachapante, levado diversas gerações à poltronas Dolby Surround, com 3D e tudo mais... pois era uma minoria que queria expor os seus dilemas e comunicar ao mundo as suas fragilidades. Difícil para dizer que era uma minoria no sentido estrito do termo, pois a população afromericana é enorme, mas com pouco acesso aos bens culturais da época, então acabou ficando com este rótulo nada agradável.
Com o lançamento de Black Panther, os cinema mudaram a forma de ver a cultura negra, a cultura americana e a cultura africana, que também deixou suas garras em outros países como o Brasil marcado pela forte cultura colonial, de que a cultura negra é inferior, mas que aos poucos é superada pela abertura da consciência. Diante disso, Hollywood está muito mais amena à resistências à culturas diferentes, os de fora, que podem chegar e tomar conta das telas, como aconteceu dez anos antes, com Bollywood em Quem quer ser um milionário? É possível fazer cinema americano com a cultura dos de fora e ainda ter sucesso, vide o acontecimento deste filme, que está sendo nomeado por diversos júris no mundo afora, não pela competência visual ou pelo roteiro, mas sim pela ousadia de tocar em temas que outrora d'antes nunca foram navegados, com exceções é claro.
Falando diretamente sobre o filme, acopanhamos a saga do Rei de Wakanda, um principado mítico no coração da Africa, assim como Asgard. Na luta pela independência, eles se fecharam ao mundo exterior para não perder sua cultura e identidade, que a todo instante é relembrada e afirmada, assim como os Panteras originais, que eram reclusos e não permitiam a mistura com outros movimentos.
Na luta pela união dos povos negros, o irmão do rei gostaria de liberar a cência hi-tech de Wakanda para todos os povos irmãos para que pudessem sobrepujar os inimigos... deu ruim e aí começa a história de T'Challa e Killmonger, que lutam pelo trono de Wakanda, assim como Loki e Thor disputam a trono de Asgard.
O reino de Wakanda é de alta tecnologia, guardada à sete chaves pela coroa, que não pretende jamais faer compatilhamento dela com quaisquer outras nações e faz de tudo para mantê-la à salvo. Nisso entram traficantes de armas, agentes da CIA e tudo mais que possível neste contexto... os caras tem nanotecnologia para curar uma pessoas em pouco tempo! Incrível! Mais incrível ainda são os efeitos especiais, as coreografias de lutas, música e arte da cena black e muito mais!
Mesmo que Black Panther não ganhe nenhuma estatueta, já é vencedor por estar sendo tão lembrado pelos membros da Academia, uma vitória dos quadrinhos, do povo afroamericano e da luta pelos direitos de todo povo negro.
CULTZONE