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Watchmen chega às telonas sorrateiramente
Graphic Novel de Alan Moore já está em cartaz
Dave Itzkoff Traduzi 2009-02-02
Quando Zack Snyder foi selecionado para dirigir a adaptação cinematográfica de Watchmen, a graphic novel sobre super-heróis problemáticos vivendo em uma era de declínio, sabia que estava encarando não só um trabalho seminal na cultura pop mas mais de 20 anos de expectativas irrealizadas e propostas concorrentes.

De seus encontros com os quadrinhos originais, escritos por Alan Moore e ilustrados por Dave Gibbons, ele já estava ciente das idéias profundas e maduras dos autores sobre a futilidade do heroísmo, e sabia que eles não tinham entusiasmo por ver Watchmen em forma de filme.

Também estava consciente de que muitos diretores precedentes haviam fracassado na mesma empreitada, e antecipava a necessidade de um confronto com o estúdio para realizar o filme que desejava. (Mas não previa, porém, que um ano antes do lançamento um estúdio rival abriria um processo para impedir seu trabalho de chegar às telas.)

No entanto, Snyder afirma que acreditava que seu maior desafio fosse satisfazer os desejos dos dedicados fãs do trabalho original, os quais, a exemplo dele, consideram a graphic novel como um trabalho exemplar de narrativa pós-moderna e não hesitariam em dilacerá-lo se ele se afastasse demais dos quadrinhos originais. Mas acreditava também que a única maneira de satisfazer os fãs era se afastar da fonte.

Watchmen, que estréia em 6 de março, começa com uma cena mostrada apenas em fragmentos nos quadrinhos: um longo combate entre um agressor desconhecido e um vingador decadente conhecido como Comedian. Depois vem uma sequência de abertura longa, concebida basicamente por Snyder, que justapõe The Times They Are A-Changing, de Bob Dylan, a uma fusão de cenas de protetores mascarados com nomes como Dollar Bill e Hooded Justice, e de sua participação em momentos cruciais da história da era atômica, como a vitória contra o Japão na Segunda Guerra Mundial e o assassinato de John Kennedy.

As cenas seguintes serão familiares aos leitores atentos do original: o sonho surreal de um vingador fantasiado pressionado por sua incompetência sexual e pelo medo de uma guerra atômica; um deus-homem criado por um acidente científico caminhando pela areia vermelha de Marte; a cidade de Nova York parcialmente aniquilada pelo plano maligno de um vilão ¿tudo isso conectado por uma história sobre heróis corrompidos pela escuridão que não conseguem eliminar do mundo.

As duas cenas de introdução, diz Snyder, são concessões ao público que pouco conhece sobre Watchmen, "para que eles engulam a pílula amarga dos 20 minutos seguintes do filme e ouçam um bando de super-heróis conversando fiando antes que algo mais aconteça".

Nos dois anos e meio do projeto, esse sempre foi o dilema: como preservar o suficiente das referências e camadas de significado do Watchmen original para satisfazer os fãs dedicados e ao mesmo tempo permitir que um público mais amplo compreenda a história que se desenrolará por 160 minutos, em uma produção de US$ 120 milhões sobre sujeitos contemplativos cuja profissão é combater o crime mas que raramente entram em uma briga.

"Não posso dizer que o filme é curto", afirma Snyder, "mas foi a menor duração que consegui produzir sem que sentisse ter violado a história". Hollywood vem tentando produzir Watchmen praticamente desde que o original foi publicado em série limitada pela DC Comics, em 1986.

O diretor Terry Gilliam quis produzir o trabalho no final dos anos 80 mas concluiu que seria impossível condensá-lo como filme. Darren Aronofsky abandonou o projeto em 2004 para dirigir The Fountain, e Paul Greengrass teve sua versão cancelada em 2005 por questões de orçamento.

Os criadores de Watchmen poderiam dizer que desistiram das perspectivas cinematográficas do projeto, "mas isso significaria implicar que quiséssemos o trabalho como filme", diz o ilustrador Gibbons.

Depois que a Fox adquiriu os direitos para o cinema, em 1986, Moore e Gibbons concluíram que nenhum estúdio desejaria preservar o espírito de seu trabalho - impressão confirmada em uma reunião com o produtor Joe Silver, que queria Arnold Schwarzenegger para o papel do onisciente e estóico Dr. Manhattan. "Deixo à imaginação de vocês determinar que filme teríamos visto", diz Gibbons.

(Moore, que posteriormente se frustrou com adaptações de outros de seus trabalhos, como V de Vingança e A Liga Extraordinária, se recusou a permitir o uso de seu nome no filme Watchmen, e cedeu sua parte da receita do filme a Gibbons.)

Quando Snyder, 42 anos, foi procurado para dirigir o filme, em 2006, os fãs se preocuparam. Depois de começar como diretor de comerciais, ele fez sucesso em 2004 com a refilmagem de Dawn of the Dead, de George Romero, e estava envolvido na produção de um filme de ação não muito aguardado, 300, adaptação de uma graphic novel de Frank Miller sobre a batalha das Termópilas. (O escritório de Snyder na Warner é decorado com um tapete de pele de leão, um crânio de tigre de dente de sabre em gesso e uma vela em forma de crânio humano.)

Antes que 300 faturasse US$ 456 milhões no ano seguinte, a Warner Brothers, que distribuiu 300 e posteriormente adquiriu os direitos de Watchmen, estava ansiosa por escalar Snyder para um novo projeto envolvendo adaptação de quadrinhos. "Ele tem uma sensibilidade pop forte, o que requer um forte estilo visual", disse Jeff Robinov, presidente do Warner Brothers Pictures Group.

Mas Snyder, que leu Watchmen pela primeira vez na universidade, sabia que se tratava de um trabalho complexo e obscuro no qual há mais trocas de idéias filosóficas do que de pancadas. "Não há momento em que eles não sejam conscientes de quem são", ele disse.

Ainda que Watchmen acate as fórmulas dos super-heróis, desmonta muitas de suas tradições. Snyder diz que "o trabalho sempre ilumina essa idéia de vestir uma fantasia e sair por aí corrigindo os males do mundo, como se dissesse `você realmente acha isso bacana`?".
The New York Times




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