Walker Evans. O espólio de imagens que terão influenciado o autor que tanto documentou as vítimas da Grande Depressão como registou a expressão dos passageiros anónimos do metro.
A exposição, num museu de Nova Iorque, abriu ao público na terça-feira.
Os curiosos querem sempre saber o nome da musa que inspirou o poeta, a paisagem que influenciou o pintor, as melodias que terá escutado o compositor. E, obviamente, que imagens terão impressionado um nome grande na história da fotografia como Walker Evans (1903-1975), que documentou em ícones perfeitos o quotidiano das famílias miseráveis durante a Grande Depressão. A exposição "Walker Evans and the Picture Postcard", patente ao público desde terça-feira no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, permite perceber melhor como é que aquele génio da arte fotográfica influenciou o seu próprio olhar. As poses das suas figuras (o rosto da mulher do desempregado do Alabama ou a rapariga elegante em Fulton Street, o esguio cubano de chapéu de palha ou os anónimos passageiros do metro nova-iorquino), o enquadramento das esquinas movimentadas ou dos espaços rurais vazios (do interior paupérrimo de uma barraca ao ângulo que revela o modernismo da arquitectura de Manhattan) e, acima de tudo, o registo das marcas tipográficas na paisagem (letreiros e logotipos, grafitti e cartazes de cinema, a servirem apenas de cenário ou como motivo central da imagem) parecem dever muito a estes nove mil (!) postais ilustrados que Walker Evans foi coleccionando. Genial!
DN Online